quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Inquieta quietude...

Vivi a vida num fôlego,
Agarrei o mundo num abraço…
Sonhei todos os sonhos numa noite.
Mas fiquei apenas com um pedaço!
Estranha a vida que nos damos, sem nunca parar, pensar, questionar.
Somos engolidos pelos dias, pelas horas, pelos projectos sem fim.
Vivo várias vidas na minha, e ainda assim, nenhuma delas me completa.
Sou tudo quando não sou nada…
Perdido na multidão, encontro-me quando me olho, sozinho, eu próprio apenas.

Sem máscaras, sem filmes, sem sorrisos fotográficos de ocasião ou simpatia barata por altura dos saldos da vida pública.

Recuso-me a parar para não ter que pensar… A dor consciente é penosa. Não que a consciência obrique, mas porque a lucidez exige ação e mudança quando tudo o resto quer apenas paz.
E à medida que a velocidade, estupidamente auto-imposta, aumenta, sigo num caminho suicida, sem sequer olhar o retrovisor da vida, passando vermelhos sem fim e, não raras vezes, com travagens bruscas, perigosas, e que marcam indelevelmente a minha estrada com cicatrizes profundas, dolorosas…

Essas contam o que sou, mais do que tudo o resto. São muitas, todas diferentes… Cada uma conta, com a sua própria teimosia, a história de uma teimosia que é minha, que teima e ser apenas minha.

E neste universo tão meu… que poucos conhecem e quase ninguém percebe…
Tento, a cada dia, ser eu… mesmo não sabendo bem o que sou.


JCF