quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Há quem lhe chame outono...

São velhas as que caem sem jeito, sem destino e sem proveito,
Maduras de uma vida que já foi!
São secas de um fulgor já esquecido, de um esplendor maior,
de uma beleza de ontem!
São perdidas entre raios de sol e gotas de orvalho,
batidas por chuvas e ventos da memoria.
E no fim, são história de uma paisagem,
retratos de um momento que passou.

Mas ainda que estas velhas amarelas, que verdes foram e viveram,
sejam hoje nada mais que triste queda!
Amanhã será de novo a primavera, e depois destas,
novas, suas, a árvore dá!
E o destino, assim escondido, reaparece... E a alma humana, assim espelhada,
de novo nasce...
E a cada exemplo, que a cada passo, vemos passar,
resta a esperança, de que quem vê, um dia aprende!

Não vale tudo para que verde te mantenhas... Não vale nada tentar sequer,
não tens poder!
Vive inteiro a cada sopro da tua vida... Porque amarelo é ser maduro,
não é escolher!

JCF

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O berço... o meu Berço!

Vejo ao longe, distante
A minha cidade eterna…
São luzes imensas, sem fim,
Vidas duma vida moderna.

Não dormem nem desarmam!
Vigilantes de um reino de outrora!
Guardam segredos e amam…
Cada canto, cada segredo, cada amor vivido agora!

Sinto-lhe o cheiro a história!
Vivo-lhe a força do Rei,
E a conquista, a paixão, a memória.
A audácia que jamais perderei!


Estudo-lhe a beleza da gente,
O coração, o bairrismo, a alegria…
Vejo em cada rua presente!
O orgulho de Santa Maria!


Guimarães é mesmo assim.
A nossa amada Donzela.
Conto-a, numa visão para mim,
Revivo-a em cada viela!

JCF

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Hoje queria ser um poema!

Hoje queria ser um poema!
Não um poema certinho, com rimas óbvias, métricas alinhadas, respeitando todas as regras;
Não uma cópia dos famosos, numa tentativa barata de ser uma sombra de um fogo já descoberto, de uma vida já vivida, de uma ideia já gasta!

Hoje queria ser um poema!

Um daqueles desalinhados, corajosos, sem fraqueza evidente, virtuosamente sorridente!
Um dos que faz pensar apenas quem se dá a esse prazer!
Um dos que fazem desistir ao primeiro olhar os que apenas olham sem ver!
Um dos que faz tremer a Terra, com ideias novas e rasgos de loucura lúcida!
Um dos que sonha sem acordar e vive sem dormir!
Não um qualquer, mas um grande inteiro, sóbrio e imponente!

Hoje queria ser um poema!

Daqueles que rimam com os sentimentos e vibram com as palavras!
Daqueles que sonham com o luar e choram com a chuva...
Daqueles que têm medo com o nevoeiro e certezas com as tempestades!
Daqueles que renascem com os primeiros raios, e sofrem com o por do sol.

Hoje queria ser um poema...

E em cada letra ter um pouco de mim, numa dádiva completa, única!
E em cada palavra ser um pouco eu, numa entrega livre, comprometida!
E em cada rima estar todo, sem me perder do que se perdeu!

E nesse poema ser tudo, sem deixar que nada fosse meu!

E esse poema seria, sem ser, apenas eu!

JCF

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Já era sem tempo...

Voo nas asas do tempo
Como se o tempo não tivesse fim.
Como se não se pudesse contar
O tempo que resta para mim.

Mas é tempo de mudar o tempo,
Dar um tempo ao tempo que o meu tempo viveu…
E um dia nas asas do tempo…
Serei dono de um relógio só meu
Onde o tempo não passa a correr
Mas discorre da vida que graça
Sonhando um segundo eterno,
Vivendo uma eternidade que não passa…

Porque o meu tempo é só meu…
E nenhum tempo do meu tempo é teu.
E a vida que vivo no tempo,
Não é o mundo, não és tu, sou eu!

JCF

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Grãos de uma praia sem areia...

São grãos de areias soltos mas sentidos,
E juntos num cenário de lembranças.
E da dor da vida dura em cada dia,
Um deserto se criou, sem aguas mansas.

Não se tem, em muito tempo, nem memoria,
Não se viu, em muitos anos, nem miragem.
De uma gota sequer de alegria,
De um sorriso, tão pouco uma aragem.

E as margens de uma praia antes bela,
Estavam somente secas e despidas
E aquilo que antes foi uma donzela...
São hoje rugas fundas, duras e perdidas.

Mas nenhum destino é p’ra sempre encerrado...
E a Princesa outrora destruída
Pode agora renascer abençoada
Sorrindo alegre e bem amada
Num futuro que algures foi roubado,
Mas que a vida devolveu, agradecida.

E a água, azul e quente, regressou,
Beijando cada grão quente e macio.
E num estranhamente fértil regadio,
Ansiosamente esperado, e tardio
Se transforma a seca dura que passou
Na fartura que hoje bebe o desafio.

E assim nasceu por lá a magnólia,
Que o sol batizou de confiança.
Porque ainda que sem grãos viva uma praia,
Sempre resta, e nunca morre a esperança...

JCF

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

SONHO CORRIDO

Passa o tempo
Passa a vida,
Passa o sonho
Devagar…

Passo as horas,
Os momentos…
Passo os dias a sonhar.

Sonho e sigo,
encantado.
Vivo o sonho a voar!

E sem medo,
Sem fraquejo…
Sigo a recomeçar…

E o caminho serpenteia,
Por lugares desconhecidos
E o olhar vive e vagueia,
Por sonhos nunca esquecidos.
E amanha, mais do que hoje,
Num futuro bem presente…
Os passos são de areia
E o sonho nunca mente!

Porque a gota do orvalho
O raio do amanhecer…

O ponteiro do relógio…
O sorriso a renascer.
São a vida, a’legria…
O eterno, visto agora!

São o Sol, a magia,
O pulsar da minha aurora.

JCF

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Dear...

Olhaste-me sem medo,

Sorriste confiante e deixaste-me entrar!
Entrei…
Sorri e sonhei,
Sonhei com sonhos que nunca mais terei…

Estavas tão presente, tão lá, tão real…
Estavas em cada segundo, em cada passo,
Em cada olhar cúmplice de quem vive a correr,
E ainda assim saboreia cada fôlego com a leveza serena da paz que nunca vislumbrei.
Foste tu,
Pura e simplesmente tu!

E eu amei essa pureza de quem vive, sem apenas existir,
De quem ama, sem saber apenas gostar,
De quem sabe para onde vai e define o seu caminho!
E porque sabe, ama e vive.
Vive cada segundo como se fosse o ultimo, transformando-o, repetidamente, no primeiro.

És tu, como poucos são capazes de te ver…
Mas não vejo outra para além desta, para além de ti!

Guardo-te assim, como és,
Guardo-te, porque és assim…
E serás sempre minha! Esta! A minha!

E um dia, quando o futuro quiser,
Viverás a plenitude do que representas para mim.
Sentirás para além do que vês.

Porque os sonhos também vivem...
Porque os olhos também sonham…
E o sonho que sinto viver esfumou-se na realidade da vida!
Mas a vida que sonho, sem sonhar vivê-la é nossa e não morrerá jamais!

JCF

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

No Mundo da Lua...

Viajava olhando o céu,
Fitando estrelas sem fim
Sentia a brisa no ar,
E um Mundo inteiro para mim.

Não era um mundo qualquer,
Não era um mundo banal,
Era o teu Mundo privado,
O Teu lugar especial!



E eu entrei sem bater,
Sem sequer pedir licença,
Querendo ouvir, sem esperar,
”Adoro a tua presença”.



E a noite transformou-se,
Qual eclipse lunar
A lua daquele mundo,
Inteira, bela, intensa…
Beijando por entre a luz ténue,
Num feitiço de encantar,
Fez o Sol, tímido, esconder-se,
Por trás da sua beleza,
Fitando aquele sorriso,
E o olhar de firmeza.


Porque a Lua é ela mesma,
Não tem princípio nem fim,
Tem quarto Minguante e Crescente…
Mas estava cheia p’ra mim…


JCF

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Ser o tempo a passar...

Podia passar pela vida,
Sem bravura, sem paixão!
Ou deixar que apenas fosse ela...
Passando por mim, sem perdão!

Mas o que seria da vida
Se ela não se deixasse viver?
Quantos esqueletos acordam,
que mais não fazem que morrer!

Não é este o meu desígnio.
Não foi para isto que vim!
Não quero ser erva daninha, quando posso ser jasmim!

A loucura com que vivo cada segundo a ferver...
é a mesma com que morrerei... Feliz, por nada perder!

E não há outro caminho
Que nos faça lá chegar....
Ou vivemos sem reserva...
Ou apenas seremos o tempo a passar.

JCF

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Inquieta quietude...

Vivi a vida num fôlego,
Agarrei o mundo num abraço…
Sonhei todos os sonhos numa noite.
Mas fiquei apenas com um pedaço!
Estranha a vida que nos damos, sem nunca parar, pensar, questionar.
Somos engolidos pelos dias, pelas horas, pelos projectos sem fim.
Vivo várias vidas na minha, e ainda assim, nenhuma delas me completa.
Sou tudo quando não sou nada…
Perdido na multidão, encontro-me quando me olho, sozinho, eu próprio apenas.

Sem máscaras, sem filmes, sem sorrisos fotográficos de ocasião ou simpatia barata por altura dos saldos da vida pública.

Recuso-me a parar para não ter que pensar… A dor consciente é penosa. Não que a consciência obrique, mas porque a lucidez exige ação e mudança quando tudo o resto quer apenas paz.
E à medida que a velocidade, estupidamente auto-imposta, aumenta, sigo num caminho suicida, sem sequer olhar o retrovisor da vida, passando vermelhos sem fim e, não raras vezes, com travagens bruscas, perigosas, e que marcam indelevelmente a minha estrada com cicatrizes profundas, dolorosas…

Essas contam o que sou, mais do que tudo o resto. São muitas, todas diferentes… Cada uma conta, com a sua própria teimosia, a história de uma teimosia que é minha, que teima e ser apenas minha.

E neste universo tão meu… que poucos conhecem e quase ninguém percebe…
Tento, a cada dia, ser eu… mesmo não sabendo bem o que sou.


JCF

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sofrer, porque sim...




Hoje sou menos de nada!
Fiz tudo! Dei de mim! Sonhei até não poder mais...
Agarrei cada fôlego de vida com alegria, fé, esperança!
Mas mais que tudo, amor e confiança!

Tudo o que dei, dei porque quis...
E a minha confiança nos outros era imensa!

Cada olhar, cada sorriso, cada lágrima...
Eram passos de um caminho com pedras,
Mas eram sempre menos!
Muito menos as pedras que as flores!


Hoje levei um murro no estômago!
E tudo o que tinha perdi!
E num sufoco sem fim, sem piedade, sem medo!
Numa dor que nunca antes senti!
Deparei-me com a fria dureza da vida,
Que não olha ao quê, ao quando, ao porquê...
E ceifa o meu sorriso a minha alegria, a minha força!

A minha confiança no outro acabou hoje!
Tudo o que era deixei...
O meu calvário ainda agora começou, mas vai ter um fim!
E quando esse fim chegar, terei um novo início...
Mais forte, mais belo, mais certo, mais seguro!

Porque o sol está sempre lá!!!!
Mesmo que às vezes tenhamos que ser nós a desviar as nuvens!

JCF