quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Grãos de uma praia sem areia...

São grãos de areias soltos mas sentidos,
E juntos num cenário de lembranças.
E da dor da vida dura em cada dia,
Um deserto se criou, sem aguas mansas.

Não se tem, em muito tempo, nem memoria,
Não se viu, em muitos anos, nem miragem.
De uma gota sequer de alegria,
De um sorriso, tão pouco uma aragem.

E as margens de uma praia antes bela,
Estavam somente secas e despidas
E aquilo que antes foi uma donzela...
São hoje rugas fundas, duras e perdidas.

Mas nenhum destino é p’ra sempre encerrado...
E a Princesa outrora destruída
Pode agora renascer abençoada
Sorrindo alegre e bem amada
Num futuro que algures foi roubado,
Mas que a vida devolveu, agradecida.

E a água, azul e quente, regressou,
Beijando cada grão quente e macio.
E num estranhamente fértil regadio,
Ansiosamente esperado, e tardio
Se transforma a seca dura que passou
Na fartura que hoje bebe o desafio.

E assim nasceu por lá a magnólia,
Que o sol batizou de confiança.
Porque ainda que sem grãos viva uma praia,
Sempre resta, e nunca morre a esperança...

JCF