quarta-feira, 4 de julho de 2012

São espelhos que partem no rosto...


Pingas em cadências seguras
Contando um tempo sem paz
Escorres em clamor, murmuras
Sofrida e triste, num sorriso fugaz

Percorres um destino, patética
Seguindo um caminho de memorias
Segues sozinha e sem gestos, frenética
Em pares que partilham glórias.

E assim transbordas sem licença
O que a alma não suporta já mais
Podias apenas passar sem presença
ou deixar-te ficar, escondida
ou morrer lá sozinha, perdida
ou até não teres sido, oh bandida!
Mas insistes, corajosa, na denuncia
Do que em mim, sem dó, estilhaça
E gritas num silencio atroz
O que o teu mundo quer por justiça.

Não há dor mais sublime e feroz
Nem aperto mais forte, mais solto
Do que aquela que se sente sem voz
Sem fim ou sem principio atroz
Sem controlo ou sem mar revolto

Mas é esta que liberta e dá vida
Que mata e faz nascer a esperança
E coloca de novo na partida
Uma história que se sonha e se alcança!

JCF